Aprendendo pela dor.

02-12-2010 18:27

 



Sentimo-nos desafiados frente à morte, especialmente quando esta atinge alguém que de alguma forma está ligada a nós, e nos é querida. Embora seja algo esperado por todos, e que todos temos ciência de mais dia menos dia vai acontecer, quando este dia chega, é doloroso, e por mais que venhamos a nos sentir preparados, quando acontece, é difícil, muito difícil agüentar. 

Sentimo-nos impotentes, pequenos, e percebemos que não temos controle absoluto sobre todas as coisas. Sentimos que há algo que vai além do nosso controle e possibilidades, apesar de todo avanço e arrogância da ciência de querer explicar e resolver tudo. Este momento, sem palavras, mostra toda a nossa pequenez. 

O que fazer? Como encarar este momento? Como aliviá-lo? Como não sentir tanta dor? Penso que a maioria de nós já passou por tal situação, e sabemos o que se sente pela ausência e perda de alguém que nos é caro. Mas, se não podemos mudar o fato, podemos ao menos, encará-lo de forma diferente: com coragem, e aproveitar para repensar e refletir na nossa caminhada - nós os que ficamos. Tem valido a pena? Tem contribuído para alguém ou para alguma coisa? 

Constantemente ouvimos ou pronunciamos a expressão: “Para morrer, basta estar vivo”. Mas, viver, é simplesmente o mero existir? Apenas um respirar? Somente uma caminhada para o fim que é comum a todos? Se para morrer, basta estar vivo, para viver não basta ter nascido, é preciso algo mais. 

Aproveitemos então este momento que por si, já nos leva a pensar, para relembrar algumas coisas que talvez nos console, ou, ao menos, alivia um pouco a dor que arde no peito: 

a) O nascimento e a morte, são uma das únicas coisas que torna iguais a todos nós, e independe da posição social, política, econômica, religiosa. Aqui não há distinção de sexo, cor, idade, nacionalidade. As coisas que nos distanciam uns dos outros, só acontecem enquanto em vida, no intervalo. 

b) É neste instante que percebemos o valor das pessoas. Fica pois uma crítica: Quantas vezes só valorizamos as pessoas quando não as temos mais? 

c) Todos são importantes para alguém. Por mais vil, desprezado ou desconhecido que você seja, sempre haverá alguém para te lamentar. Você pode não ser importante ou reconhecido por todo mundo, mas neste mundo, haverá sempre alguém para quem você é muito importante. 

d) Nosso choro deve ser pela ausência e perda, não pelo arrependimento de ter feito ou deixado de fazer algo e que agora é tarde demais, não há mais como reparar. 

e) Este momento nos torna mais “religiosos”, e nos leva a pensar: “ele foi para um bom lugar”, mas será que no seu momento, da forma como tem administrado a sua vida, você vai encontrar com com ele, no mesmo “bom lugar”? 

f) Você que despreza e não valoriza os outros, vê que seu princípio e fim é o mesmo, o que faz a diferença nas pessoas é a maneira como vivem no intervalo, entre estes dois momentos que chamamos de vida. É nele que deixamos nossa marca, nossa lembrança, nossa contribuição, sejam elas boas ou más. 

Não é este um momento de solidariedade? Onde os nobres sentimentos por vezes enferrujados afloram? Não é este o momento oportuno de querer ser diferente? De querer viver de tal forma que a morte seja apenas a consumação de todas as boas coisas que oferecemos ao mundo? 

Pensando, chega-se a uma conclusão: Não queremos passar pela vida, sem deixar a nossa contribuição. Queremos que as pessoas tenham boas lembranças de nós. Nas palavras de outro diríamos: queremos servir para viver, vivendo para servir. 

E você? Como tem procurado viver?

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